18.8.04

Mea-Culpa


Começando pelo começo inicial das coisas: Tudo tem acontecido dentro do planejado, mas mesmo assim não posso deixar de verificar minhas falhas "indesejadas". Minhas mudanças estão sendo aplicadas de forma gradual, para não parecer um "tratamento de choque". Além do mais, nada se muda de um dia para o outro. Tem que haver um projeto. E o que eu desenhei pra mim já está contando com alguns distúrbios esperados.

Estava hoje pensando, na aula de Direito Penal II, em alguns aspectos de minha mudança pessoal. Tava até tentando assistir a aula, uma vez que minha cabeça tava pensando em outras coisas (até consegui não perder o dia, já que copiei a matéria toda). Porém o pensamento estava mais voltado para o futuro. O porvir. O projetado, o arquitetado, o desejado, o planejado.

Hoje no trabalho vi duas coisas que chamaram a minha atenção: Primeiro, uma névoa densa que cobriu a Baía de Guanabara, coisa linda (por ser interessante, novidade, pois sei que para os aeroportos não foi tão bela assim...); Segundo, um mal-humor impressionante se instalou no meu ambiente de trabalho. Nunca vi tante gente de cara amarrada em minha vida. Parecia que todo mundo tinha sido esculhambado por alguém. Irritação, nervosismo, falta de paciência, poucos heróis se salvaram. Eu fui um deles, embora também tenha sido contagiado no início.

Engraçado isso, mas é nessa hora que eu descubro o quanto eu sou chato, e o quanto eu posso ser chato. Poucas vezes eu levei tantos foras como hoje: operadores, supervisora, e até da faxineira! Realmente, hoje eu estava inspirado. Conseguindo irritar o busto da praça. E o mais impressionante: Hoje foi um dos dias mais sérios que eu fiquei na empresa. Talvez, por causa desse "deshumor" coletivo, eu estivesse mais preocupado em saber por que as pessoas estavam assim. Nada obtive...

Hoje também tive demonstrações de carinho, demonstradas por pessoas que eu nunca esperaria, além de ser recepcionado com frieza e indiferença por outras que jamais imaginaria. Incrível como o mundo tem a desagradável mania de bagunçar as coisas. Não gostei. Mesmo.

Algumas pessoas eu já sabia que estaria assim comigo; outras, eu já imaginava; porém, teve pessoas que me decepcionaram. Normal? Diria eu que isso já era esperado. Possivelmente isso foi ocasionado pelas minhas mudanças. Ou talvez as pessoas estivessem de saco cheio de mim, e resolveram demonstrar hoje. Porém, sei que estou mexendo com brios alheios, e quem veste a carapuça não conseguiu esconder hoje o desconforto com isso. Objetivos traçados, objetivos senco alcançados.

Contudo, também tenho consciência que tenho falhado com muitas pessoas que considero amigas. Nunca foi novidade pra mim o fato de afastar as pessoas ao meu redor. Triste destino, dor comum na minha vida. Um pouco do que sou. Sangue, lágrimas e dor. Um alguém que aprendeu a estar sozinho, e de quando em quando afasta todas as pessoas ao seu redor, só para desfrutar da solidão mais uma vez. Pois é, isso pra mim é atitude de quem é mal amado. Mas, que ironia, eu me encaixo neste tipo. Se ninguém me ama, sou mal amado. Não tenho vergonha de assumir. É isso e pronto.

Mas isso não me dá o direito de machucar as pessoas. Esse é o meu mea-culpa: Sei que tenho machucado, incomodado, chateado e, até, atrapalhado as pessoas. Estou numa dessas épocas em que sou desagradável. Preço de quem perdeu o sentido de gostar de alguém como paixão, e falha quando sente esse sentimento dúbio. Se estou mudando, viso melhorar, mas sei que meu preço por isso está sendo cada minuto mais alto e doloroso. Pago com sangue. Pago com alma. Pago com dor. Pago com lágrimas. Mas bem feito para mim, fui eu que escolhi. Se ninguém gosta de mim como sou, ao menos Deus eu devo agradar. Até porque Ele é o único que me ama como sou, e o único que meu coração é capaz de amar.

Está dito.

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