27.10.05

Uma Última Carta Pra Você


Existem momentos que tomamos como caminho os sonhos que nós vivemos; sonhos esses que, mais do que rumos, tornam-se metas para se encontrar a felicidade. E, nesses momentos, nos tornamos seres frágeis e carentes, uma vez que não há retorno nesses sonhos vividos, principalmente numa relação a dois, onde o sonho tem uma única pessoa defensora.

Existem momentos que perdemos o controle de nossos pensamentos, de nosso rumo, e perdemos também o controle dos nossos sonhos, os tornando canal único de felicidade condicionada a outrem. Nesses momentos, perdemos inclusive a nossa razão, e agimos com o sentimento e a raiva que repentinamente invadem nosso coração.

Existem momentos em que, quando perdemos nosso autocontrole, precisamos de um período de “transição” para nos reencontrarmos. A vida, que outrora foi boa e, posteriormente, má, carece de um tempo de readaptação de sonhos, pensamentos e, principalmente, sentimentos. Nesses momentos, temos variações bruscas de gestos, atitudes, humor... Que podem ser sanados pelo controle adquirido.

E, finalmente, existe o tão esperado momento em que nos reencontramos para a vida real. Quando reconhecemos tudo que fizemos, e descobrimos que fomos capazes de passar por tudo sem perder a noção da verdade e da alegria. Quando reerguemos a bandeira do amor-próprio e seguimos novamente os nossos sonhos, embasados pela experiência vivida anteriormente.

Assim me descobri ontem, perdido em meus devaneios, quando pus o pé na minha tão singela e humilde casinha. Descobri que vivi, em apenas um ano, um verdadeiro calhamaço de sensações, emoções, dores, alegrias e condições que me fez vivo. Descobri que muito que havia em meu coração era ilusão formada pelos meus próprios sonhos mortos, e que o crescimento adquirido conseguiu suplantar tudo isso. Descobri que alcancei um patamar de maturidade que me permite passar adiante sobre determinados atos, sem medos, sem temores. Descobri que é finalizei a minha graduação como homem adulto. E só consegui isso por causa de você, pequena.

Poucas pessoas sabem realmente como foi difícil chegar até esse ponto. Passei pela maior dor, pelo maior sofrimento que alguém já viveu. Cresci como homem, como amor, como coração e como espírito. Cheguei novamente ao meu lugar, e redescobri a alegria de estar vivo.

Primeiramente, quero agradecer a Deus por tudo isso. Por ter me proporcionado esse crescimento e essa alegria que, ao que parece, não é passageira como as anteriores. Agradeço por restabelecer meu equilíbrio mental, por estabilizar meu coração tão amassado, por reabrir meus olhos cortados pelas lágrimas de sangue. A Ele eu dedico todas as mudanças benéficas na minha vida. Obrigado, Senhor.

Também quero agradecer a você, pequena, por ter sido instrumento de Deus para meu crescimento espiritual e sentimental. Seus ensinamentos, suas atitudes, e mesmo seus sorrisos e suas indiferenças foram fundamentais para que eu alcançasse esse patamar. Essa paz de espírito que faz oito meses que acreditara estar perdida. E me desculpe pela brincadeira de ontem. Por favor.

Também agradeço a todas as pessoas que foram como alicerce para mim, me abastecendo de carinho, de amizade, de compreensão e de uma incondicional atenção. Sem a força que todos vocês passaram pra mim, não teria me reencontrado. Não ouso citar nomes, pois foram muitas pessoas, e certamente me esqueceria de falar o nome de algumas. Mas não temo generalizar, todos que me ajudaram têm seu espaço dentro do meu coração.

Agora é o começo de um novo ciclo de minha vida, sem novas mudanças, sem novos sofrimentos. Um ciclo perfeito, definido, onde a única obrigação que tenho é de viver da forma mais correta possível, e quem sabe assim encontrar um novo amor, um amor recíproco, um carinho incondicional, sincero... Um verdadeiro poço de verdadeiros sentimentos de bem querer. Tudo aquilo que eu sempre quis ter, mas que nunca fui contemplado. Quem sabe Jesus não me surpreende com essa bênção? Acho que, depois de tanta pancada na vida, mereço ao menos viver um amor verdadeiro. E sei que eu terei, se fizer por merecer.

Um novo caminho... Este mesmo caminho, que parecia tão distante, hoje se revela em minha frente, pronto para ser percorrido. Caminho que, se não tivesse vivido o que vivi antes, jamais encontraria. E que, desta vez, não fugirei, como os demais caminhos que percorri.

O que lhe dizer, minha pequena? Muito obrigado por entrar na minha vida, por ter jogado tudo pro alto, por ter percorrido meu coração com um arado afiado, rasgando o meu chão, e com uma foice que rasgou as paredes do meu sentimento e do meu equivocado medo de um compromisso a dois. Obrigado por ter me obrigado a amadurecer como homem, trazendo a verdade da minha vida, a força que deixara eu escondido em meu coração... E que eu havia esquecido que existia. Obrigado mesmo.

Sobre o amor? Não sei se isso existe. Se existe, eu o vivi contigo. Mas não creio mais que exista amor. O que existe é o momento de amar, o sentimento momentâneo, aquele que pode ir embora a qualquer instante. Aquele que você, por alguns dias, viveu por mim, antes de perde-lo por completo. Na verdade, por mais que eu busque um amor, sei que este é utópico, que mesmo quando existente é desacreditado pelas pessoas. Mas, se eu vivi um amor, foi por ti, pequena. Por mais ninguém.

Como conselho, peço que se valorize mais, que policie seus atos, suas brincadeiras, suas palavras e toda e qualquer coisa que seja abusiva, rebaixando-a e vulgarizando-a perante as pessoas que se importam contigo. Que seja firme em suas decisões, que ponha o Senhor diante de todas a s suas decisões, e que escolha de forma correta suas amizades. Porém, como disseste antes, esse é um conselho, e você só precisa segui-lo se assim julgar procedente.

A verdade é que você me fez bem, mesmo quando me fez mal. Tudo bem, você é a minha melhor lembrança do Alto Valor, assim como a pior lembrança desta célula, pela dor que eu vivi. Contudo, surpresa! Abro mão dos sentimentos tristes, e carrego comigo agora apenas as boas lembranças, principalmente as de novembro e da primeira metade de dezembro de 2004. hoje vejo que temos uma discreta, porém sincera amizade, e tão saudável como jamais deveria deixar de ter sido. E que não deixará de ser agora.

Pedirei para Deus que você possa encontrar a felicidade, a definição, a estabilidade e o amor que busca, junto da pessoa que escolheu, e que possa ser lição e exemplo de vitória no amor. Que seu sorriso se propague pelos quatros cantos do planeta, e que possa contaminar outros corações enamorados, fazendo-os sorrir também. Que tenha filhos fortes saudáveis e felizes, que você e seu marido sejam rocha na Casa do Senhor, que possam dar bom tratamento, amor e, principalmente, carinho, zelo e atenção para eles. Que os dias de suas vidas sejam fartos, e que vocês possam viver tal amor até o último expirar de suas carnes.

E eu? Viverei minha vida, seguirei meu novo caminho, nesta nova chance de felicidade que Deus pôs na minha existência, e farei o possível para não cometer os mesmos erros que cometi antes. Seguirei adiante, para os braços de Deus, junto com o sorriso que outrora perdera, e com os sonhos que haviam abandonado-me. Olhando para trás, e sorrindo ainda mais quando ver que você está infinitamente feliz. E, por fim, olhando pra frente, e sorrindo novamente por causa do abençoado porvir que Deus preparou para mim, e que finalmente estou pronto para tomar posse dele.

Lembre-se: essa carta não é um adeus, pequena.

É apenas um agradecimento e uma consideração final. A amizade continua!

Afinal, já te saturei muito com minhas palavras, e é justo descansa-la de mim.

Concorda?

Então, guarde apenas isso: TE ADORO!!!

Bruno Freitas Martins Costa