28.9.10

O Homem Que Não Podia Amar

Quando era criança, Válter ficava observando o horizonte na beira da praia. Vislumbrava o bravio mar, suas ondas e tudo o mais. Pensava que, quando crescesse, se tornaria marinheiro e desbravaria todos os cantos desse mundão de água existente.

Válter sonhava com proezas heróicas, com damas indefesas e piratas malvados. Pensamento infantil, porém tônica de seus pensamenntos. De muitos amigos, adorava brincar na praia. Nunca na areia, mas sim na água. Um peixe que navegava pela orla do mar.

Mas o tempo passa, e depois de homem Válter voltou à beira do mar, na mesma praia da sua mocidade, anos após a última vez que lá estivera. Os olhos são os mesmos, mas o brilho mudou. As faíscas de seus sonhos deram lugar ao obscuro da visão cansada com a vida. As histórias passam, mas a pessoa ainda é a mesma. Mas ele estava lá, inerte, no mesmo ponto onde a espuma das ondas apenas molhavam os dedos do pé.

Realmente, sua vida não fora como sonhava. De marinheiro se tornara Administrador; Ao invés de desbravar os mares, salvando donzelas e lutando contra piratas, Válter havia se tornado um burocrata, salvando requerimentos e lutando contra falcatruas dentro da empresa de médio porte onde trabalhava. Os sonhos deram lugar a uma vida insossa. A vida de liberdade fora embora, e em seu lugar um turbilhão de sentimentos destruíra aquilo que o fazia sorrir.

Muitas foram as vezes que o amor tomara de assalto seu coração. Paixões fulminantes, Válter tinha o incrível dom de aproximar as mulheres para si. Mas era incrível, sempre alguma coisa dava errado... E aquilo que parecia começar bem, acabava por terminar mal. E ele ficava sozinho. E a cada dor, um pouco mais do brilho dos seus olhos se perdia na imensidão do vazio que começava a habitar seu peito.

Suzana... Seu primeiro relacionamento, aos dezessete anos... Carinhosa, bonita, simpática, mas ele, burro e infantil, não soube dar valor a isso. No final, ela terminou com ele e no mesmo dia "ficou" com seu melhor amigo, na sua frente. Golpe duro...

Brenda... Aos vinte e um anos, uma mulher mais madura, dois anos mais velha que ele. Começara de forma fugaz... Sexo selvagem, ensinava o pobre menino a ser homem às vistas da visão do mundo... Mas o tempo passara, pouco tempo, cerca de dez dias, e ela simplesmente o despachou. Fora usado como um boneco sexual. Algo que se usa e depois joga fora. Outra pancada violenta dentro do seu coração.

Apenas uma nova tentativa foi feita, Karine foi o nome daquele relacionamento de nove anos. Um relacionamento conturbado. Ele gostava de verdade dela, mas ela não o valorizava muito. Ele planejava saídas, corria atrás de coisas para surpreendê-la... Mas ela muitas vezes jogava um balde de água fria em suas intenções abortando-as antes mesmo de nascer.

Karine, apesar disso, foi quem correu atrás desse amor. Ela que buscou a Válter, ela se entregou a Válter, queria estar com ele todos os dias... Ele, que tanto sofrera por causa do amor, acreditava que ela era a pessoa perfeita, que tudo ia dar certo... Mas foram poucos meses assim, e depois que ela notou que ele estava completamente entregue a esse relacionamento, começou a desdenhá-lo. Parecia até que o desafio era conquistá-lo, e queria ver onde mais ele chegaria.

Não foram poucas as vezes que ele soube que ela o traíra. Mas ele, fiel, permanecia com ela, a perdoava quando esta lhe pedia perdão, e buscava meios de ajudá-la. Como um cego tolo, lutava contra aquilo que não existia, e sangrava pela dor que podia abrir mão. Mas mesmo os bons corações um dia se cansam de lutar.

Cansado da forma com a qual Karine guiava o relacionamento, pensando apenas em si, sem o "nós" que deveria ter, chegava na casa dela, onde ela conversava com um homem. Conversa animada que logo murchou quando ele chegou. Mas ele nem insistiu. Viu o clima e saiu.

Instantes depois Karine veio atrás dele falando "ué, foi embora por quê?", cuja resposta foi surpreendente:

- Quer saber? Mas quer saber mesmo? Cansei de ser o palhaço. Quer viver sua vida? Vai viver, mas sozinha. Já sei que não ocnta comigo mesmo, então vai pras suas festas, pras suas farras, e me deixe sozinho!!!

Atônita. Assim Karine ficou enquanto Válter ia embora, sorriso de alívio no rosto. Finalmente ele havia tomado uma atitude, e mesmo que o tempo tenha cobrado um alto preço, ao menos havia feito finalmente algo certo na vida.

Agora ele observava o horizonte do mar. Aos trinta e seis anos, sentia que a solidão era apenas um estado de espírito. Sabia que havia quem o preenchesse, Deus. E sorria por isso.

- Sabe, Senhor? O caminho que separaste pra mim é perfeito. Sei que Seu tempo é perfeito, Senhor. E se tiver que ficar sozinho... Não estarei só, o Senhor está comigo.

Válter ainda falaria mais, se um guarda-sol não acertasse suas costas. Ajeitando-se, pegou o guarda-chuva (sorte que só a lona o acertou), e olhando pra trás quase deu de cara com uma moça desesperada, que corria atrás do referido corta-sol:

- Ai, mil desculpas! Fui encaixar mas um vento forte veio e ele voou... Você está bem?

Com um sorriso e um aceno de cabeça Válter respondeu que sim. Ele observara a bela moça que se aproximara, toda sem graça. Olhos vivos, corpo esguio, sorriso perfeito. Válter se levantou, estendeu a mão e disse:

- Oi, antes que eu me esqueça, meu nome é Válter, e o seu?

- Roberta - Respondeu a moça.

Assim, saíram ambos conversando e caminhando.

Talvez, quem sabe? Deus tenha reescrito a história de felicidade dele...

O tempo de Deus, pedido por Válter, vai dizer.

27.9.10

A Segunda Chance


Teve um momento que eu observei meu futuro tão longe... Como poeira no deserto, se perdia em meio a uma imensidão de dor e tristeza que jamais imaginei existir. Vi sonhos se dissiparem, senti lâminas sobre a minha carne, me cortando, e eu sangrava... Meu coração palpitava desesperadamente, carente de um calor quevoltasse a dar vida a ele, e pulsava furiosamente para tentar resistir ao frio da solidão... Um horizonte distante no qual teimava em dizer que jamais conheceria.

Mas, sabe? Há uma mão ainda mais poderosa, uma mão ainda mais incrível, uma mão de alguém para quem não há impossível, não há inalcançável, não existe oculto. A mão de um Deus Vivo, verdadeiro, Onipotente, Onsisciente, Onipresente, Universal. Um Senhor que toma nossas lutas e peleja por nós. E para Ele aquilo que parece destruído é reforjado, com metal ainda mais forte e mais resistente. Assim ele fez com as nossas almas, no momento que destruiu a carcaça do maligno que pesava sobre nós, nos revestindo com Sua graça e Seu perdão.

Faz algum tempo que eu vi uma esperança de vida e felicidade desmoronar. Sim, confesso que imaginei que nunca mais alcançaria o que tanto almejei, mas... Deus traz uma reviravolta em todas as vidas, e toca no íntimo dos nossos espíritos, trazendo o renovo, a metanoia, a mudança, a renovação dos sonhos. torna palpável e real aquilo que apenas pensávamos que um dia pudesse acontecer. E trouxe de volta, de forma palpável, real, possível, o sonho que outrora acreditara que havia se perdido para sempre.

Cometi o pecado de esquecer que para o Senhor nada há de impossível ou eterno, se isso não vier da Sua Santa Vontade.

E agora vislumbro, mais possível do que nunca, um caminho, uma felicidade que parecia ter morrido, mas que agora renasce ainda mais forte e perfeito. Vindo de Deus, cada vez mais vindo de Deus, cada segundo com Deus mais presente, perfeito dentro do Eterno do Senhor. Sim, ETERNO. Eterno como tudo construído pelo Senhor.

A Segunda Chance que nem sempre aparece para as pessoas desta vez é real.

E eu estou indo de encontro a essa segunda chance, de coração aberto e a minha fé ainda mais vibrante. Porque há uma pergunta que finalmente foi feita, um pedido que em Deus foi feito, e uma resposta abençoada em Deus virá.

E nessa resposta poderá vir a maior felicidade da minha vida.

É essa a segunda chance a qual disse.

A segunda chance de ser feliz para sempre.

E que Deus me abençoe.

22.9.10

Quando é Verdadeiro o Amor


Gustavo, deitado em sua rede, observava o ir e vir das folhas da árvore em frente à sua casa. Olhou o copo onde havia o suco de goiaba que bebia, um desses copos simples que ganhava de brinde na padaria, com calendário) e viu a data: Vinte e quatro de março. Desde então, um sorriso deu início a um ciclo de lembranças que pairava em sua longa e difícil vida, lembrada agora nesse domingo abençoado.

Gustavo voltou em pensamentos em mais de dez anos, se lembrando de quando conheceu Camila. Uma pessoa misteriosa, com histórias pesadas de vida, apesar de ser seis anos mais nova que ele. Carinhosa, porém desiludida com o amor. Quase que por um acaso se conhecerem, e desde então buscavam mais e mais um do outro. Com o tempo foram se conhecendo mais, e o interesse um do outro ficou ainda mais forte. Planejaram viajar juntos, e lutaram para conseguir.

Sim, foram juntos, mas algo estava estranho. Gustavo percebeu que Camila estava distante. Não era a doce moça que sentia saudades dele. Era alguém distante. Gustavo percebeu e sentiu o golpe. Não conseguiu ser o que sempre fora: Amável, animado, divertido... Ao contrário, mostrou algumas facetas ruins, era chato, estressado... Mas apesar disso tudo, foi uma grande viagem, muito divertida, teve seus bons momentos. Gustavo sorri quando lembra da viagem, mas seu rosto ficou taciturno ao se lembrar o que aconteceu depois...

Logo após voltar da viagem Gustavo descobriu que Camila tinha marcado um encontro com outra pessoa. Encontro quase que baseado em sexo. Foi em uma carta que sem querer parou em suas mãos. Letra e perfume dela, dizia coisas pesadas, um texto totalmente pervertido. Um texto que lacerou completamente o coração dele.

Gustavo, ainda sob a dor da descoberta, indagou a Camila: "Por quê? Por que fez isso comigo?" ao que ela disse à época "não era pra você saber disso, jamais poderia ter lido minha carta". Ficou o dito pelo não dito, e Gustavo e Camila se separaram. Gustavo lembra disso com uma ponta de dor no peito. Mas o interessante é que ele não sente a dor pela traição, mas sim pelo fato de ter ficado sem ela por causa daquilo. um suspiro, um gole no suco de goiaba, e o pensamento continuou.

Dias depois, eles voltaram a se encontrar. Foi estranho, tinha uma cerca entre ambos. Outro encontro, outro... E num problema de família, Camila voltou a buscar Gustavo em uma ligação durante a madrugada. Conversa vai, conversa vem, e o assunto traição foi tocado. Muito foi conversado, e Gustavo disse "te perdôo". Camila balançou, mas teve que dizer, meio que sem jeito:

- Gustavo, voltei para o meu ex namorado. Fiquei muito triste quando a gente terminou, e ele chegou, foi carinhoso, e pediu pra voltar. Eu estava sensível e aceitei.

Gustavo engoliu em seco, mas no íntimo do seu coração uma revolta muito grande começou a despontar. "Aquele desgraçado!", pensava ele, "se aproveitou da sensibilidade, da fragilidade dela pra voltar!". Mas apesar de tudo, tentou aceitar esse relacionamento. Camila dizia estar confusa, dizia que colocava nas mãos de Deus, mas que agora estava com ele e não sabia o que fazer. Contudo, no fundo ela não se esquecia dele, e ele ainda a amava poderosamente. A cada dia ele a queria mais, e não era mais capaz de esperar ela se decidir. E pra piorar estava sabendo de histórias de infidelidade do namorado dela, o qual não comentava porque poderia parecer jogo sujo. E ele não faria o que o cara fez com ela, se aproveitando de um momento de fragilidade.

Um novo gole na bebida que ainda refrescava, e um sorriso tímido apareceu em seu rosto. Gustavo, em uma decisão que contrariou até mesmo os conceitos dele, devido a audácia que teve, às vésperas de uma viagem disse a ela:

- Camila, vou viajar e volto em três semanas. Só quero lhe dizer que te amo demais, e que vou te amar para sempre. Quero te fazer um pedido, e é esse: Que termine com seu namorado e fique comigo pra sempre. Quero ser feliz contigo, te fazer feliz, Dividir meus dias e te amar até o último suspiro.

- Mas não me responda agora - Continuou ele - entretanto, quando eu voltar, se você me beijar a boca, saberei que aceitou meu pedido, e lutarei a cada dia pra te fazer a mulher mais feliz do mundo, completa, com um homem só teu. Se não estiver no aeroporto ou estiver e não me beijar, saberei que fez a outra escolha.

Camila gelou quando ouviu isso. Uma risada menos contida saiu dos lábios de Gustavo ao recordar isso. Calada, apenas disse "Nossa, você me pegou de surpresa. Mas vamos ver o que vai acontecer". disse isso com um sorriso no rosto e um ar misterioso.

Gustavo viajou com a expectativa: "Será que ela vai me esperar? Se esperar, será que vai me beijar? E se não me beijar? E pior, se não estiver lá?".

Fim da viagem. Gustavo se recorda com um olhar muito distante do momento que chegou no aeroporto, olhava pra um lado, para o outro... Mas um grito feminino cortou sua concentração:

- Gus, o almoço está pronto!

- Já estou indo! - Respondeu Gustavo, carinhosamente.

De repente, um casal de crianças, uma menina de cerca de dez anos e um menino de doze apareceram, pulando sobre ele, dizendo:

- Papai, Papai! Mamãe está chamando!

Gustavo estava soterrado pelas duas crianças. Gustavo tentava se desvencilhar (na verdade estava brincando e se divertindo com essa brincadeira com os filhos), quando alguém conseguiu tirar. e a mesma voz feminina chegou a té ele, dizendo:

- Amor, estava me lembrando que hoje é o nosso aniversário de catorze anos que nos conhecemos.

- Sim, estava me lembrando agora mesmo - Respondeu Gustavo, olhos faiscantes - do momento em que vi algumas pessoas me esperando no aeroporto depois daquela viagem, entre elas você. E de quando correu em minha direção, pulou sobre mim num forte abraço e me beijou como jamais havia feito.

Gustavo se levantou da rede, segurou as mãos dela com firmeza, olhou dentro de seus olhos e lhe disse:

- Te amo muito, Camila. Ontem, hoje, pra sempre. Te amo.

Camila sorriu, e apenas respondeu:

- Obrigado por não ter desistido de mim. Você me deu coragem para fazer o que o que era certo, estar contigo. Te amo, Gus, Te amo e também é pra sempre.

E os dois se beijaram. Como se fossem dois namorados.

Felizes porque o amor deles não só sobreviveu como se tornou eterno. Deus transformou dois corações em um só eterno e infinito amor.

E eles sabiam disso.

Não Retornarás

- Papai, onde está a mamãe?

- Filho, ela está no trabalho.

- Pai, sinto saudades dela.

- Eu também, filho. Faz tempo que não temos como nos encontrar.

- Pai, porque mamãe não sai do trabalho pra ficar com a gente?

- Porque ela diz que precisa ganhar dinheiro pra gente viver bem.

- Pai, não quero viver bem! Quero viver com ela...

- Eu também, filho, eu também...


As vezes vivemos apenas a nossa vida, e esquecemos daquilo que a gente diz mais valorizar.

Se é casado, valorize seu cônjuge. Tem filhos? Viva a infância deles.

Está namorando? Conheça-a ao invés de buscar intimidades. Um dia você pode se casar com esta criatura e por causa do prazer jamais conheceu a personalidade dela, casando-se assim com uma pessoa estranha.

Porque o amor nunca morre, mas o tempo passa... E não volta jamais.

20.9.10

Apenas Palavras

Por muitas vezes nos apaixonamos por palavras, sejam ditas ou escritas. São comuns os casos de pessoas que se relacionam com quem diz ser algo, ao invés de serem aquilo que dizem. E são muitos os casos que as pessoas se relacionam com quem querem, sendo que tal pessoa não é a pessoa certa para ela.

Muitas pessoas se apaixonam pela sombra d eum pensamento vago, distante, e justamente esse "mistério" é o que alimenta tal sentimento, intenso o suficiente para se fazer loucuras e burradas, vazio o bastante para que a solidão jamais saia de dentro dela.

No fundo, são apenas palavras.

Afinal, se apaixonar não é amar. E quando a paixão morre, se não houver amor toda a importância daquela pessoa desaparece. E se descobre que viveu uma ilusão, uma dor, um erro. Muitos pensam "mas como, eu tanto queria essa pessoa, onde deu errado?", mas poucos oram ao Senhor, poucos pedem ao Senhor que haja a revelação dentro de seus corações para saber se esse sentimento tem amor ou é só paixão, desejo, vontade própria.

As vezes as pessoas certas não estão tão longe. As vezes aquela pessoa que diz "vou te esperar" ou "vou estar sempre contigo" pode ser a pessoa certa na vida de quem quer amar. Mas ouve-se aquela mesma voz que diz "eu não gosto dele (dela), não vai dar certo, a gente não combina". Bem, nessa hora faço a essas pessoas uma singela pergunta: Como combinará se você sequer se dá o direito de conhecê-la?

As vezes um amor se revela de forma tão intensa que é confundida com a paixão. E o medo desse sentimento acaba por afastar a pessoa que ama. Outras vezes a distância é um empecilho, mas basta um encontro para mostrar se é verdadeiro ou não. E quando através desse amor uma pessoa cruza o País para encontrá-la? As vezes a pessoa amada já tem outra pessoa, as vezes por medo desse sentimento ela simplesmente se afasta e pronto. E quando essa pessoa que se mudou descobre que foi ludibriada por quem um dia acreditou que te amava?

Essas são dúvidas que devem sempre estar na mente de quem quer ser feliz com alguém ao seu lado.

Pensem nisso:

Está solteiro(a)? Permita-se conhecer e ser conhecido(a) pela pessoa que diz te amar. Permita-se sair com esta pessoa, sempre acompanhando com um amigo (se você é homem) ou uma amiga (se você é mulher), e sempre em locais públicos. Converse, tente saber mais deste ser que diz que te quer. Tente sentir suas reais intenções. Muitas pessoas se conhecem por sexo; outras se conhecem por fama; poucos se conhecem por amor.

Está namorando um namoro fraco? Tente descobrir se essa pessoa realmente é a pessoa certa. Se alguém te balança, analise quem te fará feliz. Escolha a pessoa certa, orando ao Senhor e pedindo a Ele o Dom do Discernimento. Deus sempre acode e te revela a pessoa certa. Apenas seja humilde e aceite o que o Senhor escolhe pra você. As vezes uma pessoa muda completamente por um amor, ama de verdade, e você é a única pessoa que não vê. As vezes você insiste num relacionamento errado, sofre, sente insegurança, e sõ você não observa que está com a pessoa errada. Mas seja fiel. Se escolher outro amor, antes de buscar esse amor, termine seu relacionamento. Porque a honestidade e a fidelidade não são supérfluos; antes, para o Senhor, é OBRIGAÇÃO de todo Cristão.

Namora firme a pessoa que sente ser a certa? Não desvie. Seja fiel, leal, seja uma pessoa sincera, honesta, viva o amor, respeite os limites. Cuide sempre desse amor. Lembre-se que ir para a cama não é prova de amor, é a certeza que a pessoa quer te possuir, e isso atrasa o relacionamento. Quando um namoro descamba pro sexo, toda a busca pelo conhecimento mútuo estanca, e a única coisa que se buscará a partir de então é o sexo, e depois mais sexo. Você ganha insegurança, acha que o namorado (ou namorada) vai te trair, e justamente por esses tipos de pensamento você acaba por trair, e se torna fraco, pó e cinza como todos os pecadores. E perde a guarda especial do Senhor, por ter se desviado da vontade Dele.

Por isso, pensem bem antes de namorar. Saibam que todos nós podemos fazer escolhas erradas. Tenha humildade pra reconhecer. E sejam inteligentes: fiquem com quem te fará feliz. Esqueça dinheiro, fama, beleza exterior. O que importa é o amor.

E com o amor, todas as coisas serão conquistadas.

Pois DEUS, amados e amadas, É AMOR.

18.9.10

Quando Decidimos Com O Amor


Um belo sol de outono nas praias da Baía de Guanabara. Uma suave brisa fria passeava sobre as areias daquela faixa de areia de Niterói (RJ). Sentado naquele banco naquela marina de pedras entre duas praias, se encontrava Daniel. Observava as poucas marolas que beijavam os pedregulhos que sustentavam a praça à beira-mar.

Dentro daquele coração um filme intenso passava. Refletida nos dois olhos castanhos estava a vida deste rapaz que estava tomando aquela que seria uma decisão para toda a vida. Olhos vidrados no mar, muitas palavras passavam em sua mente. Sim, ele sabia que na hora as mesmas palavras sumiriam, mas assim mesmo pensava nelas... E assim se encontrava quando uma suave voz feminina cortou o silêncio:

- Daniel?

Era Paula. Durante dois anos tiveram um namoro muito intenso. Por erro de atitudes, tomaram decisões que acabaram por afastá-los. Aquela pequena menina de cabelos longos e ruivos, rosto adornado por belos olhos de esmeralda, boca bem desenhada e face levemente sardenta era até hoje a maior influência dentro do seu peito. A voz de Paula ecoou pelos ouvidos de Daniel, inclusive sendo ouvido pelo seu coração, que disparou imediatamente.

- Daniel? Você está aí? – Perguntou Paula com um sorriso.

- Sim, estou – Respondeu Daniel, sem graça – É que estou pensando longe.

Levantando-se Daniel daquele banco, ficou frente a frente com aquela mulher que sempre foi verdadeira com ele. Lembra quando, por imaturidade, acabaram por deitarem juntos. Lembra que nada foi forçado, mas que deveria ter esperado. O fato de ter experimentado o sabor dela acabou por bloqueando-os no conhecimento mútuo. E hoje, um ano depois de terem terminado, ele sentia que a conhecia bem mais do que havia conhecido em dois anos de tórrido relacionamento.

- Paulinha, tenho uma coisa pra te dizer.

Os olhos dela vibravam. A luz esverdeada que havia em seus olhos estava ainda mais viva. Observava Daniel, sorriso nos lábios meio que incontido, como uma criança que aguarda dos pais o presente tão desejado. Daniel suou frio, afinal ele ia dizer algo difícil, e ela seria a primeira pessoa que saberia. Observando o céu (não foi capaz de olhar nos olhos de Paula), Daniel respirou fundo e informou, finalmente:

- Paulinha, estou indo embora daqui.

- O quê? – Respondeu com um grito Paula – Como assim “estou indo embora daqui”?

Daniel tremeu. Será? Não, fazia tempo. Eles ficaram distantes por quase dez meses, e faz apenas poucas semanas que voltaram a se falar, com certa distância... Após um suspiro, Daniel prosseguiu:

- Paula, aqui não é mais o meu lugar. Estou indo para longe, onde novos caminhos e novas portas estão se abrindo para mim. Mas queria falar contigo, uma vez que tivemos uma história, e... – Daniel hesitou – E você ainda é importante para mim e jamais faria algo sem te comunicar.

Os olhos de Paula começaram a brilhar mais, um brilho diferente. Daniel percebeu que aquele brilho tal como uma pedra preciosa na verdade era uma lágrima furtiva que naquele exato instante se revelou, descendo involuntariamente no seu rosto levemente sardento, e logo após outra lágrima, e outra...

- Daniel... Por quê? Tem certeza que vai embora? Confesso que quando você me chamou pra te encontrar aqui, imaginei que o assunto era outro... Nossa, que surpresa... – Paula colocou as mãos no rosto, e começou a chorar pesadamente – Não... Não pode ser verdade... Me diz que é brincadeira, Daniel... Não, você não é de brincar... Jesus, era a última notícia que eu esperava ouvir... – E as suas palavras sumiram em meio ao pranto incontido.

Profundamente abalado com a reação dela, Daniel simplesmente abriu os braços em sua direção, como em um convite... Convite esse que foi logo aceito por Paula, que desabou em seus braços, com lágrimas tão espessas que chegaram a molhar a roupa de Daniel. E durante cerca de cinco minutos aquele abraço forte e envolvente foi acompanhado pelo mais absoluto silêncio, mas um silêncio diferente, como se o coração dela gritasse tão alto que todos haviam se tornado surdos, e somente o seu coração ouvia.. E era tão agudo que ele começou a chorar também.

- Daniel... Você está chorando... – Perguntou-lhe Paula.

Mas ele nada disse, apenas deu um passo para trás, segurou seu rosto, colou sua testa na dela, observou aqueles olhos vermelhos onde duas esmeraldas reluzentes incandesciam ainda mais por causa do choro, cerrou sua visão, respirou fundo, e...

Surpreendente foi a sensação de aqueles lábios encontrarem os seus. Ele conhecia aquele perfume, já provara aquele gosto, mas era diferente. Tinha algo diferente, muito mais intenso, muito mais pungente, seria... Amor? Só poderia ser, pois Daniel sentia seu coração pegar fogo como jamais sentira. Era um beijo bem comportado em comparação a outros que eles já deram, principalmente entre quatro paredes, mas... Era muito diferente de tudo, era perfeito aquilo, ele poderia ficar o dia inteiro... E de fato, por mais de dez minutos aquele gesto se manteve, até que Paula se separou dele, e observava ao fundo da marina o sol se pondo, vermelho e imenso, quase como um farol que iluminava o corpo de Daniel. Foi então que, olhar decidido, ela disse:

- Se você vai, eu também vou. Não vou te perder de novo.

Daniel ouviu, sorriu e voltou a chorar. Paula apenas o abraçou de novo, e passando os dedos embaixo dos seus olhos, secando as lágrimas que teimavam em descer, disse “não chore amor, a distância serviu para que pudesse ver que você é o homem que eu amo, e eu vou onde você for, não importa a luta, a dificuldade”. Um novo beijo, com um amor ainda mais potente se seguiu, e ao mesmo tempo, à luz daquele pôr-do-sol pintado em aquarela por Deus, duas vozes ressoaram, juntamente:

- Eu te amo.

Assim, Daniel e Paula deram as mãos, e caminharam pela orla, juntos.

E desta vez, para sempre.

16.9.10

Sabedoria que vem do Alto

Certa vez, uma pessoa veio até mim e me perguntou "por que eu não sou feliz?"


Pensei até em responder, mas deixei que ele mesmo refletisse sobre sua pergunta.

Uma semana depois, novamente essa pessoa perguntou "por que eu não sou feliz?"

Desta vez, eu apenas disse, indiretamente: "veja o que você tem, o que você é, o que eu sempre te dei. Veja a saúde que te dou, que é melhor que muitas pessoas. Veja o azul do céu, céu que muitos não podem ver. Você diz que não é feliz, mas e as pessoas que não podem falar, não sabem ler ou escrever?" e deixei ele refletindo novamente.

Desta vez ele demorou a falar, mas um mês depois, eis que novamente me indaga com a mesma pergunta "por que eu não sou feliz?"

Mas eis que nesse mesmo dia, em um acidente de avião, ele foi o único sobrevivente. Ainda cheio de queimaduras, mas lúcido, ele olhou para mim e disse:

"Senhor, eu sempre reclamei da minha vida, achando que eu não era feliz. Me perdoe pelas vezes que coloquei em ti a culpa pela minha infelicidade, quando eu sempre tive tudo pra ser feliz. Obrigado, Senhor, e tenha certeza que vou mudar minha forma de agir. Afinal, todos morreram, mas o Senhor teve misericórdia de mim e me salvou."

E eu sorri.

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As vezes choramos por causa das nossas tristezas, raivas e/ou decepções. Mas esquecemos de tantas pessoas que gostariam de ter justamente nossas próprias vidas, mesmo com todos os defeitos que nós teimamos em ver. Por isso, devemos a cada dia agradecer a Deus por tudo que Ele nos dá, e devemos trabalhar, com humildade e lealdade para com Ele, de forma que Ele continue nos olhando. Afinal, sabemos que Ele jamais deixa de nos olhar, e mesmo na pior das catástrofes, a mão Dele estará sobre nós, esperando apenas nosso reconhecimento e nosso "Obrigado, Senhor."


Reflitam nisso!

14.9.10

Quando É Tarde Demais Pra Voltar Atrás


- Você me ama?

Com essa pergunta, Amanda tentava buscar uma resposta de César. Mas ele não respondeu, só observou. Amanda suspirou. Tentava entender como tudo chegou a esse ponto. Revisitou o passado em busca de respostas. E recordou de toda a sua história.

Cerca de um ano atrás, ela estava solteira. Havia terminado um relacionamento de quase cinco anos. Chegou a noivar, a marcar a data do casamento, mas incompatibilidades impediram que eles ficassem juntos. Amanda havia decidido abrir mão de relacionamentos quando acidentalmente conheceu César. Um rapaz bonito, educado, entretanto diferente de todas as pessoas que conhecera.

Rapidamente o carinho de César começou a confortá-la. Ele era presente, e suas palavras de carinho e saudade a conquistou. Logo ela se viu amando, e o coração dela tinha sido dado a ele. Era fato, ela era dele, somente dele. Deus havia tocado no amor dela, e pela primeira vez ela disse:

- Eu te amo, César.

César sorriu, e a abraçou, e depois a beijou. E por muito tempo foi assim, um amor sincero, de muito carinho e de muita presença. Ela se sentia a mulher mais feliz do mundo, pois desta vez era amada, se sentia amada. Sim, César nunca disse "eu te amo" para ela, mas precisava? Amanda sentia nos gestos e nos atos todo o amor dele, e isso pra ela era o mundo.

Mas de uns tempos pra cá ele começou a mudar. O carinho, antes tão latente, esfriou. As palavras de carinho sumiram. Pouco ele a procurava, e quando estavam juntos ele era distante, chato, reclamava de tudo... E estava sempre com a cabeça longe. Amanda acreditava que era coisa da cabeça dela, e tentava variar os atos, pensar diferente, fazer mais surpresas... Mas ele estava diferente, muito diferente. Não lembrava mais o César que tanto carinho tinha dado a ela.

Amanda enfim perguntou a César o que estava acontecendo, e a única resposta foi a já batida "nada não". Como nada, ele está longe, nunca foi assim, como assim "nada"? Ela ficava taciturna, sem saber o que pensar. Não era mais o mesmo César, aliás, pra ela era outro homem. Sabia que haveria dias ruins, mas ele estava esquisito demais, se tornava um estranho com ela.

E era isso, ele tinha se tornado um estranho. E ela começou a sofrer.

Ela acordava chorando de madrugada, ligava pra ele, mas o celular estava desligado. Mesmo quando estava ligado, ou ele desligava ou ele mandava ela deixar ele dormir. Abraços? Quais? Não havia mais braços que ficavam em torno dela, e quando ela a abraçava ouvia "nossa, que grude" e ele se afastava.

A cada dia que passava estava Amanda mais sozinha na multidão, até que uma decisão muito dolorida ela teve que tomar.

- Você me ama? - Perguntou Amanda.

Novamente, o silêncio foi a resposta. Ela o observou, ele notou e perguntou "o que foi? Por que esse olhar?". Ela respirou fundo, fechou os olhos, pressionando uma lágrima que queria cair, e disse as palavras que cortaram seu coração:

- César, não te conheço mais. Fiz de tudo pra ficar contigo, mas você não valoriza. Eu me doei pra você, vivi por você, mas você não me dá nem mais um abraço. Beijos? O que são? Não sei mais o gosto dos seus lábios. Você é um estranho. E eu não fico com estranhos.

- Amanda, para com isso! - Retrucou César - Você que é grudenta demais, tá sempre encima! O que foi? Quer terminar? Termina então, ora!

Amanda olhou com um olhar de fúria, e as lágrimas começaram a descer. Contudo, ela não fazia cara de choro, só de raiva. Ele observava-a impassível, desafiando-a. Ela enfim fechou os olhos, as lágrimas pararam de descer, o vermelho do rosto desapareceu e ela respondeu com todas as palavras:

- Obrigado por estar presente quando eu mais precisei. Mas hoje você não quer mais estar comigo. E eu preciso de uma pessoa que me queira todos os dias. Piorei? Que me ajude a melhorar. Mas que esteja comigo nas horas boas e nas horas más.

César deu de ombros e disse "Você que sabe".. Isso foi a gota d'água para Amanda, que de rompante virou as costas e foi embora, deixando-o sozinho. Ela correu chorando até sua casa. Não acreditava que uma pessoa que sempre lhe deu amor agora estava simplesmente deixando-a ir. Mas ela foi.

Passadas três semanas, Amanda teve um baque: César estava namorando. Sorrateiramente ela foi até sua casa, e viu o jeito carinhoso dele tratar uma moça. Mais carinhoso até que ele sempre foi com ela. Chorando, voltou pra casa. Descobriu com o tempo que ele não a traiu, mas fez de tudo pra que ela terminasse, pois não queria se sentir culpado de terminar com ela e depois namorar outra mulher. Amanda, com isso, ficou sozinha por algum tempo, até encontrar Humberto.

Humberto era simpático, divertido, e equilibradamente carinhoso. Presente sempre, gostava de ir onde ela ia, e a acompanhava. Por quase seis meses eles saíram, mas nada aconteceu, era saídas de amigos, com muitas conversas mas nenhuma investida. Até que certo dia, vendo uma cena romântica de um filme no cinema, as mãos se entrelaçaram, os rostos se juntaram e os dois lábios se provaram. Assim começava um namoro novo para Amanda. Humberto não tinha a beleza ou a condição financeira do César, aliás longe disso, mas ele era presente e demonstrava todo dia que a amava, e falou pra ela a frase que ela sempre quis ouvir, "eu te amo".

Entretanto, repentinamente César reapareceu como um furacão na vida da Amanda, pedindo perdão e querendo voltar pra ela. Ela ficou confusa, pois apesar de se sentir feliz com o Humberto, ainda estava atraída por aquele home a quem se deu por completo. Assim, ela cedeu às investidas de César várias vezes antes de terminar com o Humberto, dizendo pra ele que ele merecia mulher melhor. E voltou para César.

Mas o que Amanda não sabia é que César não tinha só a ela como namorada. Qualquer mulher mais bonita que desse oportunidade ele estava encima. E Humberto, humildemente, disse a Amanda que a esperaria o tempo que fosse necessário. Sempre dizia que a amava, mas ela fazia pode dura. Entretanto, ela tinha a certeza dentro do coração que com Humberto seria feliz. Com César, cada vez mais canalha, não estava sendo como gostaria. Sim, saíam, faziam coisas juntos, mas na maior parte do tempo ele estava longe.

Amanda perdeu a conta das vezes que sentiu ciúmes dele por causa de outras mulheres, achando que elas estavam dando encima de César. Pobre iludida, na verdade era César que as cantava, e ele falava pra Amanda que eram elas para que ele saísse de bom moço. E a Amanda acreditava.

Mas teve um dia que ela viu novamente ele com outra menina, e desta vez ambos brigaram tão feio que ela terminou com ele, que ainda disse "tudo bem, o importante é que você foi minha, e quem ficar contigo vai ter que saber que já fiz de tudo com você", o que a fez se sentir humilhada.

Nessa hora, se lembrou Amanda de Humberto, aquele rapaz sincero que sempre a amou de verdade. Porém, para ficar com o César a Amanda acabou se afastando dia após dia dele, até que ambos perderam contato. Se encontravam semanalmente na Igreja, mas devido ao ciúme de César (ele podia fazer, ela não) Amanda sequer se aproximava dele. Mas agora estava livre, e buscou novamente aquele que a fez se sentir amada, aquele que tinha capacidade de fazê-la feliz.

Quando Amanda ligou chorando pro Humberto, ele quis saber o que aconteceu. Ela disse tudo, das burradas que fez, da dor que sentiu de novo, que ela sabia que ia dar errado, mas era ele quem ela queria, ela tentou assim mesmo. Humberto conversou com ela, com seu carinho de sempre, e assim marcaram de se encontrar. Ao se encontrarem, se abraçaram, ela chorou de novo, e quando ela foi beijá-lo, a surpresa: Humberto colocou dois dedos entre as duas bocas, impedindo o ato. Amanda, estupefata, perguntou "você não disse que me amaria pra sempre?", ao passo que Humberto respondeu as palavras que Amanda jamais esquecerá.

- Amanda, eu te amo muito, pra sempre mesmo. Mas quando você escolheu seu ex-namorado, mostrou pra mim que eu fui só um curativo para o seu coração. Eu sempre fui teu, mas hoje eu estou namorando, uma pessoa que gosta de mim de verdade, e por amor a você eu vou ficar com ela. Porque você não me quer, e toda vez que outro homem te atrair, você vai terminar comigo. Porque você já sabe o que esperar de mim, e sabe que sempre serei assim.

Amanda ainda tentou argumentar, mas Humberto, carinhosamente, deu-lhe um beijo na testa e foi embora, calmamente. Amanda, atônita, via-o partir sem ter sequer forças para chama-lo. ela queria dizer "fica comigo, eu  te amo!", mas não se sentia forte o bastante pra isso. Mal sabia ela que se dissesse o que seu coração queria dizer, o teria de novo. Mas não se sentiu forte pra isso.

Agora Amanda não tinha mais o homem que ela amava, e não tinha mais o homem que a amava acima de tudo. Amanda estava sozinha, em meio a homens que só a viam como carne e como sexo fácil.

Ela perdeu o amor.

E chorou.

13.9.10

Minha Convocação


Faz muito tempo que eu ouço a voz de Deus no meu coração dizendo “vai” e eu não vou. Sempre fiquei preso aos mesmos problemas, às mesmas convenções, às mesmas dúvidas e aos mesmos medos. Deus tem me convocado incessantemente para o seu trabalho, para me disponibilizar para o seu trabalho, mas eu sempre disse não. Até hoje.

Agora eu digo: “Sim, Senhor!” e sigo na direção da Sua vontade. Uma convocação foi feita, e o local foi escolhido: Manaus. Ele tem dito que eu posso ser muito útil nessa terra, e eu creio que o Senhor escolhe aqueles a quem ama. Sabe  Deus das coisas que faz, e se Ele vê em mim potencial, oro e agradeço a ele, coloco em Suas mãos a minha vida e o meu coração. Ele, que me salvou da morte e do suicídio, agora me quer para fazer a Sua vontade. E eu aceito, de coração aberto e com o espírito derramado aos Seus pés.

Sim, sabe o Senhor que  é a decisão mais difícil da minha vida. Sabe o quanto é doloroso deixar família, conforto, lar, amigos, e ir a uma cidade de hábitos diferentes, cultura diferente, pessoas diferentes. Saio de um lar seguro para ir a um lugar onde a maior mordomia será um teto para dormir e um banheiro para se lavar. Mas vem do Senhor, como posso ficar triste? Eu exulto e louvo àquele que me amou mesmo quando todos viraram as costas pra mim, e dou a minha vida à Sua causa, uma vez que Ele me devolveu a vida quando na podridão o meu coração estava.

Quero deitar sobre o Altar o meu amor e o meu coração, a minha vida e tudo o que tenho e que sou, e oferecer ao Senhor. Sou teu, leva a mim, usa a mim. Maior é o amor com o qual tem me sustentado do que todo o medo e terror que há na mudança. Que haja a metanoia, a transformação, o arrependimento e o perdão dos meus pecados, pois quero ser Vaso e Utensílio para que o Senhor alcance mais vidas e transforme mais corações.

Sim, Deus me deu vários dons, mas eu nunca soube usá-los, nunca pude trabalhar neles como o Senhor me permitiu. Agora é o momento, e como Servo feito de pó e de cinza eu sigo o caminho que Ele preparou para mim. Não sei quanta lágrima e quanto sangue derramarei, nem se as derramarei, mas me ponho à disposição para que tudo que Ele quiser de mim se realize, e todas as palavras que Ele puser em minha boca sejam ditas com ousadia e sem muros que os retenha. Que a vontade do Senhor seja dominante na minha vida, e que Seu Santo Caminho seja agora perseguido e alcançado.

De nada adianta tem bom dom de palavra, de escrever, de compreender o coração das pessoas, de ajudar e de aconselhar a quem precisa se não puder fazer isso dentro da Vontade de Cristo. Jesus deu sua vida por nós, morreu sendo justo por aqueles que viviam em pecado. O Senhor deu-nos seu unigênito para que hoje pudéssemos ser chamados de “Filhos de Deus”.

E se por Cristo sou salvo, e se por Deus estou vivo, que seja eu instrumento do Senhor.

Como disse um grande profeta, “Eis me aqui, envia-me a mim”, Senhor! (cf. Isaías 6:8c)

Estou à disposição do Deus Altíssimo.

12.9.10

Ao Viver Um Sonho


- Eu estava com saudades de você.

Essa frase soou como mel nos ouvidos de Juan. Era a doce Clara, que ele tanto desejara, falando para ele que estava com saudades. Ela sorria um sorriso tão lindo! E a boca tão perfeita... Que vontade de beijá-la! Juan mal acreditava.

Com muito carinho, Clara se aproximou de Juan, segurou a sua mão e a pôs sobre seu coração, dizendo “dá pra sentir quão rápido está batendo?”. Dava, e como dava! Mas estava lento se comparado com o coração dele, que de tão rápido parecia um princípio de enfarto. Ela se aproximou ainda mais, pôs as mãos em sua face, puxando de encontro ao rosto dela e...

Indescritível foi a sensação sentida. Seus lábios buscavam os seus, seus dentes mordiscavam a carne de sua boca, as línguas se entrelaçavam, um beijo forte, maravilhoso. Juan a abraçava com força, e recebia em troca um igualmente forte abraço. Era perfeito!

- Faz muito tempo que eu queria estar contigo – dizia Clara – mas só hoje eu tive coragem de te beijar. Você sempre tão quieto... Eu fazia pose pra ver se você me notava, mas nada... Mas hoje eu disse pra mim mesmo que não deixaria em branco!

Os olhos de Juan cintilavam como um flash de uma potente câmera. Ele sentia aquele corpo tão almejado em suas mãos, e que corpo! Deslizava suavemente em cada centímetro, os beijos cada vez mais intensos... Mas de repente uma luz muito forte apareceu, e uma voz rouca, feminina, falava algo em tom de ordem:

- Juan, levanta! Já está atrasado!


Juan abriu os olhos, abraçado em suas cobertas, boca colada em seu travesseiro, inclusive com o clássico “biquinho” formado. Na porta, sua mãe com cara feia se retirava do aposento. Era um sonho. Mas não podia ser, foi tão... Tão... Tão real! Mas era sonho, e como todos os sonhos... Uma hora se acorda. Ele esfregou os olhos, não acreditando que era apenas um filme do seu maior desejo passado através dos sonhos, foi real, o sabor dos beijos foi real, as palavras de carinho... Foi real? Não foi real? Como não foi? Por quê?

Juan caminhava pensativo no sonho... Perguntava-se “será que não foi um presságio?” e sonhava acordado. Sim, poderia ser um presságio, Clara pode sim aparecer a qualquer momento e seu sonho se tornará realidade! E enquanto atravessava a rua, eis que vem... Clara.

Seu coração acelerou, suas mãos suaram. Ele continuou andando em direção a ela. Juan a observou e sorriu. Ela viu e simplesmente ignorou, seguindo em frente, rosto impassível, indiferente. Sim, era a Clara. Sim, ela o viu. Não, ela não disse que estava com saudades. Não, ela não o queria. Foi um sonho. Uma porcaria de sonho. Ela nunca tinha dado chance a ele, e ele nunca entendeu que ela vivia outro mundo, longe do dele.

Naquela noite Juan não dormiu. Passou a noite de olhos abertos, tentando entender porque um sonho tão real o importunou. Foi aí que entendeu que às vezes os desejos do nosso coração não são os desejos de Deus. Podemos querer muito uma coisa, mas se o Senhor não estiver na frente, nada prospera.

Juan, já pras cinco da manhã, finalmente pegou no sono. E sonhou que Deus sorria pra ele.

E esse sonho era real.


*** Dedico esse conto à minha irmã de coração Agatha, autora do argumento que serviu de base para essa história. Te amo, maninha!!!

11.9.10

Quando O Verdadeiro Amor Se Manifesta


Na última vez que Daniel observou Samantha, ela chorava compulsivamente enquanto ele se afastava calado, olhar perdido no passado que o feriu e destruiu grande parte de seus sonhos. Fazia cerca de um ano que isso acontecera, e três dias atrás eis que ela liga novamente, pedindo para que ele apareça em sua casa.

Enquanto seguia rumo ao recinto de sua ex-amada, Daniel trazia à memória, automaticamente, toda a história de amor de quase dois anos que desmoronara. Lembra da primeira vez que a viu, e como não acreditou que algo pudesse acontecer entre eles. Com o tempo a conheceu mais, e mais... E sentiu um fogo novo no coração. Aquela mulher que tanto insistia com ele começava a ganhar um lugar cativo dentro do seu peito. Lembra quando a encontrou pela primeira vez, e como nenhum toque ou beijo trocaram exceto um terno beijo nas bochechas ao fim, quando a levou até o ponto de ônibus para voltar pra casa.

Lembrava ele das longas conversas por telefone, que diversas vezes varava a madrugada, e das palavras de saudade e querer que ela costumava dizer. Recordou quando Samantha disse que não o queria só como amigo. “Eu te quero junto de mim”, ela disse certo dia, antes de desferir o primeiro beijo em seus lábios, beijo de desejo e vontade, e de tal forma que os minutos tornaram-se horas, e um simples segundo transfigurara-se em uma doce eternidade de amor.

Conforme prosseguia naquele caminho que tantas lembranças lhe traziam, Daniel assistia impassível ao filme que estava sendo projetado em sua mente. As saídas eram maravilhosas, e a presença, inigualável. E por cerca de onze meses foi assim. Contudo, algo acontecera.

Ela mudou. Da princesa presente, pouco se lembrava. Parecia que em seu lugar fora colocado uma namorada fria e desinteressada. Muitas vezes ele ligava pra ela e ela não atendia o telefone. Muitas vezes queria estar com ela, mas Samantha sempre tinha alguma coisa que a ocupava. Não era mais aquele amor, não da parte dela. Daniel nunca se esqueceu que seu amor era legítimo e verdadeiro, tanto que estudou a possibilidade de se casar com ela. Mas ela o via com certa reserva. Entretanto, seu ciúme era constante e Samantha fechava o semblante sempre que qualquer mulher chegava perto dele. Suspeito demais.

Daniel deu um longo suspiro quando trouxe à memória o dia em que ele descobriu que não era o único na vida da Samantha. Quando descobrira que ela tinha outros casos, um ex-colega da faculdade, um ex-colega de colégio, um rapaz da academia... E ele era apenas o “oficial”, o que era apresentado na família como namorado. Contudo, era mais um na vida dela. Era o “corno”. Fiel sempre, deixara para trás pessoas que sonhavam com relacionamentos verdadeiros e duradouros para se embrenhar nessa trama que se revelara depois como macabra.

Lembrava mais ainda Daniel quando marcou de conversar com ela na beira da praia. Ela, no início, não quis ir, mas ele disse a Samantha que era muito importante, o que a fez dirigir-se para lá, a contragosto. Lembra quando ela chegou, reclamando do vento e do sol que estava sobre ela. Logo ela, que várias vezes sentara à beira da praia com ele sentindo a brisa do entardecer, observando o pôr-do-sol  no infinito azul do mar aberto, junto com frases como “eu te amo” e “quero estar contigo para sempre”.

Ah! Como brilhavam os olhos de Daniel, brilho provocado pelas micro partículas de lágrimas que queria brotar em seus olhos quando reviveu o momento da revelação. O olhar assustado da Samantha, as palavras calmas e decididas ditar por ele, traído, enganado, porém envolto em uma estranha camada de tranqüilidade. Lembrava quando disse a ela que tudo acabava por culpa dela, por não saber cuidar de um amor. Quando disse a ela que era infiel, mentirosa, perdida para o mundo, pois enquanto dizia amar uma pessoa vivia relacionamentos tórridos e físicos com outros homens, quantos eram? Seis, sete, dez, vinte? Lembra finalmente quando, lágrima nos olhos, disse pra ela “acabou para sempre, para todo o sempre”. E quando virou as costas, rememorou a primeira lembrança que tivera naquela caminhada.

Agora ele já via o portão dela, e curiosamente ela estava lá, esperando-o. Ao observá-lo chegar, ela abriu um sorriso tão bonito que por quase um segundo ele se esquecera de tudo o que passou, tamanha a beleza que havia. Mas recobrou-se e prosseguiu. Ela correu até ele e o abraçou. Ele retribuiu, mas de forma mais fria. Ela o convidou a entrar, e Daniel aceitou, sentando-se no sofá onde tantos beijos foram trocados.

Quando Samantha chegou na sala com dois copos de suco na mão, Daniel sequer deixou-a sentar, perguntando logo “qual o motivo dessa conversa?”. Ela sorriu, e sentando-se ao lado dele, segurou sua mão e o observou com um olhar tão terno que seu coração apertou, palpitando furiosamente dentro de seu peito. Suas mãos macias, seu perfume inebriante, sua presença em si o perturbava. Tanto que calado ficara, sem conseguir falar sequer uma palavra.

Mas três palavras fizeram com que Daniel retornasse à realidade: “Estou com AIDS”, ela disse. Ele arregalou os olhos e Samantha, novamente com seu sorriso único, apertou as suas mãos e disse “não sei a quanto tempo tenho isso, mas acho que é da época que namorávamos”. Pronto, agora ele poderia estar com AIDS também. “Além de corno, agora posso ser aidético”, dizia a sua mente, mas seu coração dizia para ele ouvir o que Samantha tinha a lhe falar. “Quero pedir pra você fazer um exame, e que abrisse o resultado junto comigo. Faria isso por mim?”. “Sim” foi a resposta monossilábica de Daniel, que se levantou e se despediu, indo naquele mesmo momento a uma clínica para fazer o exame completo.

Duas semanas depois, com o resultado em mãos, ele chega com o papel na casa da Samantha. Ela novamente sorriu e o abraçou com ainda mais vontade. Entrando na casa, ela abriu para Daniel o exame, pois ele disse que não tinha coragem de observar. Ela abre, lê, abre um sorriso largo e começa a chorar. “Negativo! Negativo, Daniel”, grita sem conter o sorriso e as lágrimas, numa antítese de sentimentos. Ela ainda tinha algo a lhe dizer, e ele queria ouvir. Calado, ouviu suas palavras firmes:

- Daniel, você sempre foi o amor da minha vida. Eu te amei como jamais amei alguém. Mas eu me sentia muito carente, e muitas pessoas apareciam nesse momento para me consolar, e instintivamente eu deixava as coisas acontecerem. Confesso, não era forte. Muitas vezes terminei na cama de outros homens inda no primeiro encontro. Sim, fui tola, fui inocente por acreditar em amizades que jamais existiram, era só o desejo de me possuir, e o pior, eu queria isso, e deixava isso acontecer. Quando você me deixou eu observei o quanto tinha sido burra por perder a pessoa que me amava de verdade, e mais, a pessoa que eu amava e que me completava, me fazia feliz. Eu te amo, Daniel, e mesmo sabendo que hoje estamos impossibilitados de estar juntos, ainda te amarei para sempre. Estou pagando pelos meus pecados, e sofrendo pelos meus erros. Mas você me ensinou a amar e ser amada de verdade. Obrigado, Daniel, por tudo. Se pudéssemos voltar no tempo, estaria contigo. Mas o tempo é cruel e não volta mais. Nunca mais – disse ela, em meio às lágrimas – mas por favor, não se distancie de mim!

Daniel chorou também, a abraçou e disse “vou cuidar de você”. E assim foi.

Daniel caminhava em meio às árvores, três anos depois, lembrando dessa palavra que empregara a Samantha. Traje impecável, ele observava os pássaros cantando. Sim, sua palavra tinha sido cumprida, e havia cuidado dela. Observando as lápides em volta do estranho bosque que existia dentro do cemitério, recordava das últimas palavras que Samantha lhe dissera: “Eu te amo pelo que você é. Sempre te amarei”.

Ele seguia em frente, de mãos dadas com um pequeno menino de dois anos, saudável e perfeito, que perguntava a ele “Papai, onde mamãe vai ficar?”, o qual ele apenas respondeu:

- Mamãe está dormindo, mas no último dia nós a veremos novamente, meu filho. Ela te amou e esse amor nunca vai morrer.

E assim Daniel e o pequeno Filipe prosseguiram sua caminhada, com a certeza que o amor verdadeiro jamais perecerá.

O Menino Que Não Queria Aprender

Uma vez uma pessoa muito especial me disse que se eu conseguisse controlar meus sentimentos, minhas sensações, e conseguisse usar meu dom de observar o interior dos corações para ajuda-las, que eu seria uma pessoa feliz.

Com ela vivi uma das fases mais negras da minha vida. Com ela aprendi o que é ser buscado, amado. E com ela  também aprendi o que é ser ignorado, odiado. Mas isso não era nada, tudo isso aconteceu por minha causa.

Mas hoje eu não só superei isso como ela ainda é a minha grande amiga de sempre, uma amizade tão forte e verdadeira que o tempo não conseguiu levar, que a distância não pôde apagar. Ela é a amiga de todos os momentos.

Ela encontrou uma homem que agia como menino. Um menino que achava que estava certo em tudo. E ele era exatamente isso, o menino que não queria aprender. Afinal, ele achava que já sabia de tudo.

Como se enganou...

Por isso, esse texto é pra uma pessoa que sempre será especial e eterna na minha vida.

Obrigado, neguinha, por tudo.

Sempre será especial e eterna na minha vida.