- Eu estava com saudades de você.
Essa frase soou como mel nos ouvidos de Juan. Era a doce Clara, que ele tanto desejara, falando para ele que estava com saudades. Ela sorria um sorriso tão lindo! E a boca tão perfeita... Que vontade de beijá-la! Juan mal acreditava.
Com muito carinho, Clara se aproximou de Juan, segurou a sua mão e a pôs sobre seu coração, dizendo “dá pra sentir quão rápido está batendo?”. Dava, e como dava! Mas estava lento se comparado com o coração dele, que de tão rápido parecia um princípio de enfarto. Ela se aproximou ainda mais, pôs as mãos em sua face, puxando de encontro ao rosto dela e...
Indescritível foi a sensação sentida. Seus lábios buscavam os seus, seus dentes mordiscavam a carne de sua boca, as línguas se entrelaçavam, um beijo forte, maravilhoso. Juan a abraçava com força, e recebia em troca um igualmente forte abraço. Era perfeito!
- Faz muito tempo que eu queria estar contigo – dizia Clara – mas só hoje eu tive coragem de te beijar. Você sempre tão quieto... Eu fazia pose pra ver se você me notava, mas nada... Mas hoje eu disse pra mim mesmo que não deixaria em branco!
Os olhos de Juan cintilavam como um flash de uma potente câmera. Ele sentia aquele corpo tão almejado em suas mãos, e que corpo! Deslizava suavemente em cada centímetro, os beijos cada vez mais intensos... Mas de repente uma luz muito forte apareceu, e uma voz rouca, feminina, falava algo em tom de ordem:
- Juan, levanta! Já está atrasado!
Juan abriu os olhos, abraçado em suas cobertas, boca colada em seu travesseiro, inclusive com o clássico “biquinho” formado. Na porta, sua mãe com cara feia se retirava do aposento. Era um sonho. Mas não podia ser, foi tão... Tão... Tão real! Mas era sonho, e como todos os sonhos... Uma hora se acorda. Ele esfregou os olhos, não acreditando que era apenas um filme do seu maior desejo passado através dos sonhos, foi real, o sabor dos beijos foi real, as palavras de carinho... Foi real? Não foi real? Como não foi? Por quê?
Juan caminhava pensativo no sonho... Perguntava-se “será que não foi um presságio?” e sonhava acordado. Sim, poderia ser um presságio, Clara pode sim aparecer a qualquer momento e seu sonho se tornará realidade! E enquanto atravessava a rua, eis que vem... Clara.
Seu coração acelerou, suas mãos suaram. Ele continuou andando em direção a ela. Juan a observou e sorriu. Ela viu e simplesmente ignorou, seguindo em frente, rosto impassível, indiferente. Sim, era a Clara. Sim, ela o viu. Não, ela não disse que estava com saudades. Não, ela não o queria. Foi um sonho. Uma porcaria de sonho. Ela nunca tinha dado chance a ele, e ele nunca entendeu que ela vivia outro mundo, longe do dele.
Naquela noite Juan não dormiu. Passou a noite de olhos abertos, tentando entender porque um sonho tão real o importunou. Foi aí que entendeu que às vezes os desejos do nosso coração não são os desejos de Deus. Podemos querer muito uma coisa, mas se o Senhor não estiver na frente, nada prospera.
Juan, já pras cinco da manhã, finalmente pegou no sono. E sonhou que Deus sorria pra ele.
E esse sonho era real.
*** Dedico esse conto à minha irmã de coração Agatha, autora do argumento que serviu de base para essa história. Te amo, maninha!!!
*** Dedico esse conto à minha irmã de coração Agatha, autora do argumento que serviu de base para essa história. Te amo, maninha!!!
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