14.9.05

O Último vôo da Fênix

Por que é tão difícil tomar uma decisão? Por que é tão difícil deixar de fazer uma coisa que vê-se estar errada? Quero parar, mas falta-me coragem para fazer. Como vou conseguir mudar o meu jeito de ser? É justamente isso que estou buscando aprender.

Estou alçando um último vôo. A fênix, outrora bela e imponente, hoje não passa de uma ave frágil e depenada. Deixo expandir minhas últimas chamas, e alço vôo, tal qual um frango pelado tentando voar. Mas consegui alçar vôo. O último vôo da fênix.

Nesta minha última jornada, abrirei mão dos meus conceitos, deixarei para trás os sonhos, e voarei em busca da minha felicidade pela última vez. Sem ilusões, sem temores... Só eu, Deus e o anjo da morte. Um dos dois há de me abençoar ao fim da jornada.

Bem, se tenho que mudar, que seja definitivo. Não tenho condições de mudar outra vez. Estou cansado de ser mal compreendido, mal interpretado... Estou cansado de mim mesmo. Por isso esse vôo solo é quase kamikaze: Se não alcançar o meu destino, prefiro seguir sem rumo, até o fim dos meus dias. “Sem rumo” significa sem sonhos, sem anseios. Ou seja: Será uma viagem de ida sem volta. Ou a felicidade eterna, ou a solidão eterna. Comigo não existe meio-termo.

Ao me agarrar às minhas últimas esperanças, tomei tudo que tinha de bom, e obtive forças para voar. Tudo bem que é um vôo capenga, mas é o que posso fazer. Já estou cego, já estou surdo, já estou mudo, já estou morrendo... Voar já é um lucro. Não sei se terei forças para chegar ao meu destino, mas prefiro morrer tentando a nunca estar.

E, neste momento em que me agarro na fé, sinto Deus a me fortalecer um pouco mais, sinto forças para continuar voando, sinto estímulo para continuar mudando, nutro esperança de que tudo vai dar certo. Já não posso contar com ninguém, já que todos me deram as costas, por isso vai ser a minha última tentativa.

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Sim, foi difícil metaforizar meus sentimentos, de forma que todos compreendam. Afinal, a maior meta que um ser humano possui é reencontrar a própria felicidade. E, se nunca consegue, se nunca obtém, é porque algo precisa sem mudado. E eu vou mudar, na graça de Deus, na força que Ele me dá... Nas pessoas que Ele coloca na minha vida... E na certeza de que Ele sempre tem o melhor pra mim.

Vai ser difícil me afastar das pessoas. Mas é um preço que se paga. Só peço que Deus não me abandone, que Deus não deixe de querer o melhor pra mim.

6.9.05

Término


Um pergunta paira sobre minh’alma: Será que podia ser diferente? Falo isso não por tristeza, mas por incompreensão. Uma metáfora sangrenta sobre um coração dilacerado pelas peripécias ardilosas da vida ingrata e violenta. Parece uma dança mortal com navalhas afiadas, pouco a pouco despedaçando meu espírito e minhas esperanças na felicidade. Um poema de dor, morte e destruição. Essa é a minha vida. Isso se for possível utilizar tal substantivo.

No momento em que acontece um calhamaço de coisas, tantas que mesmo minhas idéias ficam distorcidas, vejo-me defronte um infinito de decisões a serem tomadas. Não sei o que fazer, e por isso temo fazer as coisas erradas outra vez. Não agüento mais ouvir as pessoas dizerem que estou exagerando meus relatos. Ora, eles não vivem a minha vida! Menos ainda as agruras do meu coração! Então, como é possível me entender, se nem sequer tentam?

Não consigo entender a humanidade. Não consigo entender meu espírito. Não consigo entender meu coração. Não consigo entender meu futuro. Sinto-me como o ser mais burro que existe, tamanha a minha incompetência em tais traduções de sentimentos e idéias. Será que essa é a minha história, e eu tenho que aceita-la do jeito que é? Será que não posso tentar corrigir os erros atuais, e construir um novo caminho?

Indefinição nos estudos, no trabalho... E pior ainda no lado do amor, que se tornou quase uma tragédia grega, tantas foram as desilusões e as lágrimas de sangue. Grande ode ao filho do desamor. Um réquiem em homenagem ao mais desafortunado dos românticos: Eu.

Já passei por tantas situações, já completei tantas missões... E ainda assim não sou capaz de compreender a mim mesmo. Na verdade, já compreendi, mas tantas coisas aconteceram que acabaram com minha consciência do que é certo e errado. Descobri que existe uma missão que jamais vou completar. E nada mais posso fazer. Não sou capaz de me fazer feliz. Não sozinho. Mas a minha vida se embasa na solidão. E, a cada mulher que passa na minha vida, sempre vejo o quanto sou frágil e preciso de carinho. Mas não. Vivo sozinho.

Tantos sonhos desfeitos... Tantos amores perdidos... Tanto mal foi feito ao meu espírito... E eu, impotente em todos os acontecimentos... Faltaram-me com a verdade... Faltaram-me com o carinho... Tudo que recebi até hoje foi doses de ilusão e pencas de dor. Eu tinha um sonho-mor, que era ser feliz, constituindo família, filhos, com uma mulher que me amasse. Bem desses sonhos antigos. Mas, quanto mais eu vivo, mais vejo esse sonho como utopia, mais vejo a solidão transpassando minh’alma. Metáforas de tristeza e fantasia dariam o tom exato da minha vida de hoje.

Já pensei em fugir. Já pensei em me suicidar. Já pensei em sumir. Já pensei em jogar tudo pro alto e viver uma nova vida. Mas não sou assim. Sou fraco, covarde, mentiroso com meus sentimentos. Não tenho a confiança de ninguém. Levo essa vida adiante mais pela necessidade de viver que a vontade de estar vivo.

Até hoje me pergunto por que as pessoas não acreditam no meu sentimento, nas minhas atitudes... Até hoje as pessoas deturpam meus atos, minhas palavras... Desprezam meus sentimentos... Subjugam meu coração... Ainda não fui capaz de compreender por que tudo isso acontece de forma voraz, a ponto de não me permitir mudar esses fatos.

Hoje sou filho do abandono, filho da descrença, filho do desamor, filho da tristeza, filho da apatia... Hoje sou filho desprezado pelas minhas próprias mães. Já cansei de ouvir pessoas dizendo me entender, e não conseguir comprovar isso. Já estou farto de palavras vazias, de sentimentos mentirosos, de conveniências estúpidas e nocivas. Já estou farto disso tudo.

Por causa disso tudo, tornei-me uma pessoa extremamente infeliz. Transmito sorrisos para as pessoas, para não afeta-las com minha tristeza. Hoje sou uma casca vazia, sem conteúdo. O que havia foi destruído covardemente pelas pessoas que já habitaram meus sentimentos. Eu não sei mais o que é verdade e o que é mentira. Prefiro fechar meus ouvidos e não escutar. Sinto um vazio tão infinito que mesmo eu às vezes me perco nele.

Por que roubaram meus sonhos? Por que roubaram minhas esperanças? Por que roubaram minha alegria? Por que roubaram meu amor? Por que roubaram a minha vida? Por que roubaram tudo que eu tinha, deixando apenas a certeza de que tudo terminou?

Meu pecado é estar vivo.

Hoje seria benção ver o Anjo Alado da Morte, com seu farfalhar de asas, ceifar a minha vida inútil com sua foice sagrada. Seria a carta de Deus para que eu pudesse ir logo para o Seu lado. Contudo, alguma coisa está errada, ainda estou vivo. Não só vivo, mas infeliz e decepcionado comigo mesmo. Poderia terminar agora com minha vida, mas aí não iria para os braços do Pai. Iria, sim, para o tridente do maligno. E não vou dar esse gostinho ao mal.

Mas esse mal está destruindo minhas concepções, meus ideais... Está se fartando com minha pseudo-vida. Fui desafiado para um duelo espiritual com o príncipe negro das trevas, com luva de fogo e espinhos em minha face. Um duelo definitivo, onde eu estou absolutamente sozinho. O maligno afastou todas as pessoas da minha vida. Estou sozinho, e desta vez não fui eu o culpado.

Perdi o brilho em meu olhar. O jeito das coisas. A vida foi injusta com o meu coração. Afinal, se eu não posso ser feliz, ao menos eu deveria ter paz, não é? Mas não é isso que acontece. Esses fantasmas continuam assombrando minha existência. Fico pedindo cada dia mais para mudar essa sorte, para que eu possa encontrar a paz... Mas não consigo.

Perdido em um mundo paralelo, um continente inexistente... Seria uma crise de autismo? Uma fuga desesperada, para um lugar ermo e dócil? Não sei. Já não tenho esperanças num final feliz para minha história. Meu destino (será que isso existe?) deve ser viver sozinho, fraco e infeliz, mas sem transparecer, para conseguir fortalecer os outros. Afinal, essa foi minha história por toda a vida: Levantar a moral das pessoas perdidas, e ser abandonado por elas depois. Fortalecer para ser esquecido. Ajudar para ser ignorado. Assim sempre foi, dar valor para receber em troca a mais profunda indiferença. E ser visto depois com olhares de desconfiança. Não dá pra ser feliz assim. Ninguém consegue.

É o término dos sonhos. Se é preciso me acostumar com a solidão, que possa seguir ao menos as verdades que assombram a minha vida. Se ainda há outras missões, que eu as cumpra logo. Não vou conseguir ser feliz mesmo, paciência. Ao menos termino com tudo que está pendente, e posso ser chamado pelo Deus altíssimo. Para os braços do único que me deu carinho, me confortou, me fortaleceu, me animou, me ajudou, me amou. Porque nenhuma mulher foi capaz de me amar, mas Ele nunca de desamparou.

Aqui jaz o amor. A derrota do amor, a vereda final desta longa jornada chamada sentimento. Não sei se vou conseguir aceitar o fato de nunca ser amado, mas ao menos preciso seguir em frente. Já me derrubaram muitas vezes, mas a Fênix sempre ressurge. E ela voará pelas florestas verdes, com suas asas de fogo, sem queimar sequer uma folha seca. Seguirá rumo a seu destino, sem medo do porvir.

Que o vazio de minh’alma seja o caminho da felicidade para os corações de quem amo.

3.9.05

Pequenas Palavras


Saudades dos tempos passados...

Das pessoas que não estão mais ao meu lado...

Dos sonhos que nutri...

Das risadas que dividi com outros...

Os sorrisos...

Os beijos...

Tanta coisa vem e passa...

O que será agora?

Veio os medos...

As dores...

As tristezas...

Estou com medo de recomeçar...

Ressabiado para amar...

Não quero mais sofrer...

Faz tanto tempo...

O que vai acontecer?

Talvez eu viva triste...

Talvez eu morra sozinho...

Talvez eu sorria no inconsciente...

Elucubrações de minha mente...

Estranho...

Tenho andado tão triste...

Mas as lágrimas voltaram a secar...

E eu não posso sequer chorar...

Por quê?

Porque esqueci o que é ser abraçado...

Não sei o que é a alegria...

Fugiu dos meus sonhos a felicidade...

E hoje vivo a realidade...

Que passa a perna na gente...

E se prende...

Parece não mais largar...

Agora estou vivo...

Mas sem esperança de amar.