29.7.06

Resquícios de uma Lembrança

Nunca fui fã de ver, ler ou falar sobre lembranças que me fazem chorar. Uma certa autodefesa minha, não sei bem.
Os reflexos dessas lembranças que machucam geralmente são as mais violentas possíveis para o meu coração, uma vez que existem feridas que nunca curam, alguns machucados que vão tão fundo que não podem ser cicatrizados.

Sempre dizem que "uma imagem vale mais do que mil palavras". Eu concordo, e sempre acontece alguma coisa que prova essa tese. Fotos. Simples fotos, que trazem imagens perdidas de sonhos despedaçados, de amores não correspondidos, de fantasmas jamais exorcizados. Fotos que trazem recordações tristes, fotos que trazem lágrimas aos meus olhos. Eu amei,eu não fui correspondido. Eu sofri, eu fui ignorado. Meu coração foi violentamente dilacerado pela indiferença de uma mulher. Águas passadas, mas uma simples foto trouxe justamente à memória toda a dor vivida à época.

O mais engraçado é que tudo isso acontece num momento conturbado da minha vida pessoal, onde vejo pessoas se afastarem de mim, e ao mesmo tempo velhas amizades voltam ao meu círculo de convivência. Vejo grandes amizades esfriarem, e tenho sentido a distância dessas pessoas na minha vida. E, justamente nesse momento, vem uma foto, uma singela foto, imagem antiga que faz brotar em meu peito lembranças de dor e desilisão.

Eu sei que amanhã essa lembrança irá embora, e a mesma foto que traz hoje a recordação triste amanhã se tornará uma foto tal como as outras. Desmonto aqui meu sentimento, de forma a esquecer tal dor, e reviver a paz que antes eu habitava. Lembro que as lágrimas já foram vertidas, e que a dor já foi vivida. Já perdi tudo, já reconstruí minha vida milhões de vezes, já fui desvalorizado, e ao mesmo tempo tratei de provar o meu valor. A mesma mão que hoje larga as minhas mãos já as buscou, e os mesmos olhos que hoje tentam me observar como um ser comum, há pouco tempo traziam carinho e ternura. No mundo tudo é cíclico. E eu aprendi a deixar o fluxo da maré carrecar a minha vida, seguindo a bênção e a luz de Deus.

Já aprendi a perder, mas ainda não aprendi a entender. Talvez haja um dia que eu desista de viver, mas ainda busco forças para nunca mais aceitar a derrota, e correr atrás de tudo e de todos que eu preciso. Amar é mais que uma vontade, é um dom de Deus que não pode ser combatido, mas simplesmente vivido. E se uma pessoa viu um valor em mim que hoje não vê, apenas lembro que eu não mudei, e que aquele valor de outrora ainda permanece em meu coração.

A maturidade dos vinte e seis anos de vida já mostrou que eu posso ter um equilíbrio que antes eu não tinha. E, se ainda tem pessoas que teimam em se afastar de mim (por motivos desconhecidos por mim), vejo ainda mais pessoas se aproximando, e é isso que importa.

Não quero ver o verdadeiro valor da pessoa depois de perde-la, e tampouco saber que alguma pessoa só deu o verdadeiro valor à minha pessoa depois que perdeu a oportunidade comigo, seja como amigo, seja como amor. A primeira parte eu estou conseguindo cumprir, mas a segunda parte foge à minha capacidade, não depende só de mim. Mas eu apelo ao bom senso, e peço que revejam suas atitudes comigo. Não vale a pena prosseguir nessa estrada rumo à dor.

"Se um dia lhe prometi meu amor, meu amor eu vou lhe dar. Se um dia por ti senti dor, fiz essa dor se dissipar. Se um dia você for embora, eu irei te esperar. Se um dia você fugir de mim, só sua mudança poderá me recuperar. A vida não muda, quem muda são as pessoas. E eu não vou mudar por ninguém, a menos que essa pessoa também mude por mim. Mas se um dia eu disse que te amo, esse amor é teu. Para sempre.".