24.8.10

A Recompensa



"Segure na minha mão".

Assim a mãe disse à pequena filha antes de atravessar a rua. Seu olhar cândido, seu carinho maternal, seu afeto e todo o amor que só uma mãe pode dar a sua descendência. Ela segurou firme a mão de sua pequena filha e juntas atravessaram as duas pistas que separavam o bairro em si do calçadão da praia.

E a menina brinca, se esbalda, pula na areia, faz castelinho... Mas numa hora de desatenção, corre em direção à rua atrás de um saco plástico que viu voar. A mãe não notara sua ausência, até que ouviu um grito agudo, seguido de uma forte pancada.

"Minha filha!!!", gritou a mãe.

Quando a mãe observou, viu sua filha jogada no calçadão da praia. Com um grito de pânico e desespero, correu ao encontro, mas antes que chegasse até ela a própria criança começou a se levantar. Por milagre, ela atentou que a menina estava bem, apenas com alguns arranhões que nem sangravam. Após uma sonora bronca, puxou a mão da menina até a praia, onde pegou suas coisas e voltou pra casa, sem ver que ainda havia uma aglomeração cada vez maior onde houve a pancada.


O que a mãe não viu é que, uns 15 metros de onde o carro parou, havia um corpo caído. Um homem de média estatura, aparentemente jovem, caído na rua, em posição onde claramente se observa que houve fratura da sua coluna em vários pontos. De calça, sapato e camisa pólo, algumas pessoas observaram sua carteira mais adiante. Pessoas de má índole abriram a carteira e tiraram o puco dinheiro que lá tinha, até entregar a um senhor que a tudo viu e que estava ao lado do corpo. Assim, descobriram seu nome: Sérgio.


Esse senhor, que a tudo observou, com olhar cândido, começou a descrever o ocorrido: Ele estava atravessando a primeira das duas pistas quando viu a menina correndo pra rua atrás de uma sacola d emercado que voava. Correu em direção dela, quando a menina caiu e um carro em alta velocidade se aproximava. Aparentemente, o único instinto dele foi correr en direção da menina, e a alcançou, empurrando-a para a calçada. Contudo, nesse momento, o carro o atingiu pela frente, o lançando longe. Ele ainda bateu em uma árvore antes de cair inerte, sem respirar. E a menina caiu na calçada, ilesa a despeito da tragédia ocorrida.


O rabecão da Defesa Civil ainda levou mais de 1 hora pra chegar ao local. Lá, todos já haviam saído. Ficaram apenas novos curioso e o idoso que a tudo acompanhara. Quando  tomaram o corpo, o senhor de idade e o motorista do carro foram encaminhados à delegacia.


Ao fim dos depoimentos, o idoso foi até o IML. Chegando lá, a recepcionista disse a ele que aparentemente o jovem não tinha parentes. O senhor. muito tranquilo, pediu para entrar. chegando ao local onde o corpo repousava, estendeu sua mão nele. Uma luz intensa iluminou o salão, tanta luz que a enfermeira teve que fechar os olhos.


Quando abriu a visão, não estavam mais lá, nem o idoso, nem o jovem. A enfermeira, assustada, correu pelo salão, sem achar nada. Chamou polícia, TV, mas nada foi encontrado. Aparentemente os dois evaporaram.


Do outro lado do salão, caminhando rumo ao infinito, ambos caminhavam, o jovem e o senhor, vestes alvas, onde apenas uma palavra foi dita pelo idoso: "vamos, meu filho, vem para junto de nós".


Um arrebatamento foi realizado. Mas a mãe da menina jamais saberá que um justo deu sua vida pela sua criança.


Para o SENHOR, o que é feito em secreto é visto em secreto. E o Pai sempre recompensa.

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