21.8.10

A Menina Que Não Queria Amar

O que acontece quando colocamos um cadeado no nosso coração, prendendo dentro de si todo um sentimento? E como agimos quando de repente sentimos esse cadeado se romper abruptamente, trazendo um misto de felicidade, medo e ceticismo? Existem coisas que eu nunca entenderia, mas agora eu entendo.

Ela é uma pessoa normal. De Cristo, tem uma fé sólida e uma esperança pela felicidade real. Busca suas realizações profissionais, contudo em um ambiente inóspito, o ambiente do sentimento, tais foram os sofrimentos causados por amores frustrados e, na última tentativa, um relacionamento doentio, que a destruiu completamente por dentro. Cicatrizes na alma que latejam a cada esperança de amor que volta a aparecer.

Do amor, poucas lembranças boas, a não ser o fato de que no fim sempre ficou só. Quanto mais acreditava que era um amor verdadeiro, mais ela se entregava. Fazia coisas que certamente se arrepende hoje, e vivia em função de um amor, ou ao menos ela acreditava que havia um amor. Entretanto, tais e tais eram as armadilhas, as ciladas, as paranóias, os ciúmes doentios, a falta de confiança, a repressão e a indiferença que ela sofria. Chorava, chorava compulsivamente, tal como uma criança que perde a família. A cada tentativa, mais e mais dor. Até que chegava o momento de parar, o momento de desistir de amar. Segundo a mente dela, se o amor existe pra sofrer, é melhor ficar sozinha. E ganhou um medo patológico de se relacionar novamente, preferindo afastar a pessoa e se afastar dela. Pra não sofrer mais, assim ela pensa.

Mas ao que parece, esse sentimento que ela teme tanto chamado amor, faz um rasgo na rocha onde seu coração se escondeu. Um calor novo encobre seu órgão pulsante, e o medo que corre em suas veias volta a se manifestar. Assustada, resolve se afastar novamente. Mas quem é essa pessoa que entrou em sua vida? Como ela apareceu, e por que esse sentimento de novo? Ela está confusa, e por insinuações do maligno já sofre por acreditar que vai frustrar mais um amor, mais uma pessoa. Contudo, ela vê que essa pessoa é diferente, tem uma sensibilidade e uma visão bem distintas dos homens com os quais se relacionara. E ao mesmo tempo que sua mente diz pra se afastar, seu coração grita a seus ouvidos: Conheça ele! Conheça ele!

Nas suas lembranças o sofrimento maior do último namorado, que foi repressivo, ameaçador e com ciúme doentio. Uma pessoa que a via não como um amor, mas como uma posse, um objeto. Ameaças, "você vai ser só minha e de mais ninguém", assustava-a. Quando ela se separou desse mau caráter, todos os homens se tornaram perigosos. Mas e essa pessoa que apareceu na vida dela? Será uma novela repetida? Mas... Ele é atencioso, carinhoso, se interessa por mim, pelo meu bem... Quer cuidar de mim, veja se pode! Ele é diferente, especial... Será que ele não vai se frustrar comigo, como tantos? Ou será que ele não é o que diz, e novamente verei um remake do meu último namoro?

Assim, ela se tornou um casulo. Era ela, a menina que não queria amar, coberta de mudanças sobre o amor. Ao mesmo tempo, com medo dela mesma se iludir, de achar uma coisa que não é verdade, sem ao menos tentar, dar uma chance ao seu sentimento, ao tempo, e principalmente a Deus, que tudo pode e tudo vê. A menina que não sabia amar agora pensava se vale a pena tentar novamente. Ele parece perfeito, apesar dela saber que não é, aliás que está longe de ser, afinal é humano. Ele parece realmente se interessar por ela (e não é mentira), mas e se for fruto da imaginação. Ele parece aceitá-la como ela é, mas ainda assim ela pensa que ele vai se frustrar.

Eu tenho minhas dúvidas sobre qual será a decisão dela, uma vez que ela sofreu muito e tem medo de sofrer, embora comece a acreditar que exista realmente um homem capaz de aceitá-la com ela é, e de cuidar dela de verdade, viver com ela de verdade, dividir dias... Se ela tentar, se ela buscar, se ela acreditar e buscar conhecê-lo. Se eu puder dar um conselho a ela, será: Tente de novo. As vezes Deus coloca em sua frente o caminho certo, o varão separado pra via da mulher, mas o medo, o receio, a covardia fazem com que não seja valorizado isso.

Se eu fosse ela, tentaria. E, se eu fosse ele, me deixaria conhecer, para que ela pudesse me ver, e assim pudesse ver que eu posso e quero vê-la feliz, e se for da vontade de Deus, fazê-la feliz. E não desistiria.

e pelo que soube, ele está fazendo tudo isso, pois Deus disse a ele que é o certo.

Vamos esperar no Senhor e ver o desfecho desta história.

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