23.7.05

A camponesa e a flor de cores vivas

Havia, faz muito tempo, uma camponesa que cultivava flores raras. Ela possuía inúmeras espécies, mas a sua favorita era uma bela flor púrpura de longas pétalas. Por ter sido difícil de se encontrar, a camponesa acreditava que essa flor era muito rara, e por isso se dedicava com afinco a ela.

Uma vez, passando pela estrada que ligava o seu sítio à cidade, a camponesa avistou, e, meio ao mato que margeia o caminho, uma flor diferente, de pétalas curtas, e muitas cores. Uma flor de cores vivas. Maravilhou-se, porém continuou seguindo seu rumo. Ao chegar em seu sítio, a imagem daquela flor diferente, especial, não saía da sua cabeça.

Depois deste dia, todas as vezes que a camponesa passava pela estrada, sorria e contemplava aquela flor, que a cada dia que passava a fascinava mais e mais. Em certa ocasião, ela foi até a flor, e a regou, e limpou a terra ao redor, retirando as traças e as daninhas sem, contudo, retirar a flor de seu local. Na verdade, aquela planta já era importante na sua vida. Ela amava aquela flor de cores vivas.

Não muito depois de encontrar tal vegetal, viu a camponesa que a flor púrpura que ela tanto cuidara estava secando. Os dias passavam, e a flor continuava perdendo o brilho, a cor rubra acentuada. Ela cuidava, tratava, regava, e a flor não reagia aos seus cuidados. Com isso, recordou-se a camponesa daquela flor de cores vivas, cada dia mais bela e viçosa, a qual esteve se dedicando ultimamente. Mal recordava que o tratamento dado à flor púrpura não havia se alterado. Mesmo assim, subitamente a camponesa se indignou, pois pensava duramente que já possuía a flor que sempre quis, a flor púrpura, a qual nunca viu igual, e estava se dedicando a uma flor largada ao mato. Por que se preocuparia com um mato florido?

Instintivamente, a camponesa seguiu estrada adentro e, quando observou a flor de cores vivas, se enfureceu, entrando velozmente pelo mato alto e, em uma atitude violenta e repentina, arrancou a flor de cores vivas pela raiz, e atirou-a no meio da estrada, para que secasse logo, ou algum animal a devorasse, ou uma carroça passasse por cima, ou algo assim.

Já no dia seguinte, ao passar pelo caminho, a camponesa não encontrou vestígios da flor que arrancara e jogara na estrada. Satisfeita, continuou a sua caminhada. Entretanto, naquele exato momento, começou a sentir um forte e insistente incômodo em seu coração.

A camponesa se dedicava ao máximo para cuidar da flor púrpura, chegando a deixar de lado até as outras flores de sua estufa. Mas, em sua mente, vinha a todo o momento a imagem daquela flor inebriante que alegrava as suas caminhadas, que ela tanto admirava pela força e pela beleza, uma inspiração! E também vinha à mente a imagem dela jogada no meio da estrada, indefesa, uma atitude covarde que foi feita por causa de sua própria arrogância. E a cada dia essa falta aumentava, a camponesa sentia que havia um vazio em sua vida, vazio que a flor de cores vivas preenchia completamente.

A camponesa não compreendia o por quê disto tudo, até que recordou as cenas de quando encontrou a flor pela primeira vez, a forma dedicada com a qual cuidou dela, e notou que isso era, na verdade, saudade da flor que ela amava. Isso, ela amava aquela flor, e só agora, distante, compreendeu a tolice que fez. Arrependida, reuniu seus esforços e se dedicou ainda mais à flor púrpura, mas esta secou, e morreu.

Quando viu que todos os seus esforços foram em vão, a camponesa correu em direção da estrada, na esperança de encontrar aquela flor de cores vivas que outrora havia arrancado e jogado fora, da terra e de sua vida. Dias, meses se passaram, e não encontrava sequer flor da mesma espécie, ou mesmo similar. Quando sentiu que havia perdido a flor que amava, a camponesa chorou. Totalmente arrependida, sentiu raiva da vida, do mundo, de si mesma, por ter matado a flor que amava com sinceridade.

Dias depois, passava a camponesa, cabisbaixa, pela estrada, quando viu uma moça com um vaso, e neste vaso havia uma flor. A camponesa arregalou os olhos, quase não acreditando: A flor de cores vivas, de pétalas curtas, de muitas cores, a mesma que ela acreditava ter matado, a mesma! Movida a camponesa se aproximou da moça e perguntou onde ela havia encontrado tal espécie. A moça lhe deu a seguinte resposta:

- Eu andava por esta mesma estrada e me deparei com esta flor caída ao chão. A peguei, levei para a minha estufa e cuidei. Logo estava forte. Sabia que esta flor é única, foi pesquisado, e não existe flor igual! Antes eu criava uma flor púrpura de pétalas longas, mas ela do nada secou e morreu. Essa aqui é incrível, encontrei na rua e em menos de dois dias já estava forte e viçosa!

A camponesa argumentou, dizendo que também tinha uma flor deste tipo, púrpura de pétalas longas, mas ela era muito rara, e nunca tinha visto outra igual. A moça riu-se, e respondeu mais uma vez:

- Senhora, olhe para aquele lugar bem perto das colinas. Nunca notou uma cor acobreada por lá? Lá só tem dessas flores púrpuras. Ela não é rara. Essa aqui, sim!

Após ouvir isso, a camponesa despediu-se da moça, permitindo que fosse embora e, observava a flor de cores vivas se afastando, se afastando, se afastando... Até que sumiu de sua face, e após isso chorou. Por causa de seu egoísmo, perdera quilo que era eterno, enquanto preferiu continuar com o que morre logo.


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Aplicando-se às pessoas: quantas vezes trocamos a pessoa que nós realmente amamos sem saber, e preferimos aquela que nós acreditamos amar? As pessoas aparecem em nossas vidas, e nós nos envolvemos com elas. Contudo, o amor verdadeiro é súbito, chega sem avisar e logo envolve nossas vidas, nos fazendo felizes de forma incompreensível e benéfica. E, por isso mesmo, temos medo de amar o que não conhecemos, preferindo ficar com quem não traz o mesmo bem, contudo conhecemos e queremos. Isso mesmo: Trocamos a pessoa que nós amamos pela pessoa que nós queremos. E erramos.

Não podemos ter medo do amor. Tudo tem seu tempo, e se aconteceu, é porque tem que acontecer! Muitas pessoas sonham, buscam, mantém vivo a meta que possuem. Poucas pessoas realizam esse sonho. Muitos preferem tentar uma, duas, dez, mil vezes a mesma coisa, com a mesma pessoa, enquanto em seu coração uma outra pessoa pede espaço, e essa pessoa é impossível de se esquecer, nós a amamos sem saber. E, por revolta pessoal, por não aceitar a vontade do coração, abandonamos, por muitas vezes ofendemos essa pessoa, para que ela se afaste de nós. E ela acaba se afastando, e nós sentimos falta, além da famosa sensação de arrependimento que sempre negamos, mas nos acompanha.

Não podemos ter medo do amor. Se ele veio, acredite! Deixe entrar de forma única esse amor em sua vida, e logo verá que faz a coisa certa! Permitamos que Deus mostre que o amor é real. Vamos parar de acreditar em nossas próprias convicções! Deus está aí pra provar que o melhor para nós não é o que nós buscamos, mas sim o que Ele diz ser certo. E, acreditemos ou não Nele, é a verdade. Já é mais do que hora de deixemos Deus guiar as pessoas que queremos para a pessoa certa, e fiquemos juntos de quem realmente amamos. Deixemos a verdade tomar conta de nossas vidas. E que essas palavras venham ao encontro da alma de cada um, trazendo uma verdade única e sincera. A verdade de quem quer viver a felicidade no amor.

Beijos e abraços, a paz de Deus para todos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fala molecote!!!

A perda é a única coisa que não tem conserto, né? Achei maravilhosa essa sua crônica, foi você que escreveu? Ta showww!!!

Quando é que você vai vir falar comigo? Tá na hora de reaparecer, né? Você sumiu...

Beijos, meu sumidinho favorito!